A Saunalahti School, em Espoo, oeste de Helsinque, funciona como uma metáfora moderna para a educação finlandesa: uma melhor arquitetura contribui para uma melhor experiência de aprendizagem.
A premiada empresa de Helsinque Verstas Architects construiu recentemente a Saunalahti School, que abriu suas portas no outono de 2012 para 750 alunos, da escola primária ao ensino médio. O prédio de 10.000 m² teve uma repercussão inesperada, tornando-se a sala de estar de toda a vizinhança.
“O prédio tem sido usado ao máximo praticamente dia e noite”, diz a diretora da escola Hanna Sarakorpi. “Há tanta cooperação que todos são beneficiados.”
A escola foi construída para ser mais do que um lugar para estudar arte, matemática e literatura. A ideia era torná-la um ponto focal para este canto de Espoo, segundo Ilkka Salminen, responsável pela co-criação do prédio com seus colegas da Verstas, Väinö Nikkilä, Jussi Palva e Riina Palva.
A biblioteca da escola fica aberta ao público à noite, e a cooperação entre a escola, a creche e o clube da juventude não para de crescer.
Decifrando a fórmula do sucesso
Classificada como uma das melhores instituições educacionais pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Programme for International Student Assessment – PISA), esta escola oferece mais do que suporte acadêmico: serviços médicos, de odontologia e de aconselhamento também estão à disposição para garantir o bem-estar dos alunos.
Um relatório da OECD aponta que, desde o primeiro PISA em 2000, as “escolas finlandesas se tornaram uma espécie de destino turístico”, nos quais educadores e criadores de políticas de todo o mundo tentam decifrar “a fórmula do sucesso”.
Em pesquisas do PISA realizadas em 2000, 2003 e 2006, a Finlândia teve menções honrosas em alfabetização, matemática e ciências, e permaneceu na lista dos 10 melhores países em 2009, apesar de ter caído para o 6º lugar em matemática, 2º em ciências e 3º em leitura (os dados aqui representados não refletem os resultados de 2012, que serão divulgados apenas no dia 3 de dezembro de 2013).
Mesmo para ser professor primário na Finlândia, ter ensino superior é indispensável a todos os candidatos. Os programas de graduação nas universidades finlandesas são extremamente populares, e a disputa por vagas é bastante acirrada.
Salas de aula não tradicionais
A Saunalahti School foi projetada para promover a integração das salas de aula não tradicionais com a experiência educativa que possibilita novas maneiras de aprendizado, tendo a colaboração como foco. Um exemplo disso são as paredes de vidro entre as salas de aula que permitem que os alunos trabalhem em grupo, que “foram construídas basicamente para reforçar a proposta pedagógica da escola”, afirma Salminen.
Também há como explorar o exterior da escola. Segundo Sarakorpi, as crianças adoram explorar o vasto pátio da escola, além de curtir uma boa leitura sentados nos parapeitos das janelas.
“Alguns alunos não se sentem confortáveis em uma sala de aula tradicional”, alega Salminen. “Todo o espaço, seja interno ou externo, é um lugar potencial para o aprendizado.”
As salas de aula, que também são ideais para workshops, têm portas de vidro sempre abertas a grupos de alunos vizinhos. Há espaço suficiente em seus amplos corredores para que os frequentadores possam se sentar, trabalhar e estudar. Em outras palavras, a arquitetura arrojada da escola permite o aprendizado fora das salas de aula.
Arquitetura inspiradora motiva o aprendizado
Tudo começou em 2008, quando 13 arquitetos da Verstas começaram a projetar a escola. A construção foi iniciada em 2010 e foi concluída em 2012. Desde então, o prédio causa um grande impacto em termos educacionais e comunitários.
Um lado do prédio de três andares incorpora uma parede inclinada de vidro com uma cobertura curvada de madeira que lembra uma rampa de esqui. Os arquitetos tiveram todo o cuidado para evitar que o prédio projetasse sombra sobre o pátio. A estrutura curva de vidro abriga uma creche, uma pré-escola, uma livraria pública e um clube da juventude. Janelas quadradas de várias dimensões estão espalhadas por uma parede ondulada, oferecendo uma bela vista do pátio.
Para a escola, o maior desafio foi manter-se dentro dos parâmetros de orçamento e de espaço físico, diz Sarakorpi. A ideia dos arquitetos era permitir que a escola tivesse claridade suficiente para que as crianças aproveitassem o máximo de luz natural durante os escuros invernos finlandeses, quando os dias curtos totalizam exatamente o oposto das noites claras de verão nórdicas.
Aparentemente, o que realmente importa é a luz interior. A lareira central no saguão funciona como o coração da escola.
“Para nós, a arquitetura inspiradora do prédio pode ser um incentivo para que as crianças cresçam e aprendam coisas de modo saudável, além de fazer com que momentos de aprendizagem representem experiências emocionantes”, alega Salminen.
Por Nadja Sayej, setembro de 2013