O filme Girl Picture (Tytöt tytöt tytöt, original finlandês, que em português significa “Garotas, garotas, garotas”, de 2022), da diretora Alli Haapasalo, é uma história positiva sobre meninas adolescentes.
O filme é um retrato de como é ser uma menina hoje”, diz Haapasalo. “Eu não o descreveria como um filme sobre amadurecimento, porque não acho que as meninas se tornem adultas ou alcancem um novo estágio de desenvolvimento. Queria enfatizar que somos todos inacabados e imperfeitos. Essas meninas exploram sua própria identidade sem que ninguém de fora as defina. Recebemos muitos comentários positivos do público sobre o tema.”
O filme tem sido um sucesso internacional, principalmente depois de ganhar o Prêmio do Público no Festival de Cinema Sundance em 2022. É adequado para espectadores maiores de 12 anos.
“Eu não tinha certeza se o filme enfrentaria barreiras linguísticas ou culturais”, diz Haapasalo. “Felizmente, nenhum dos dois tem sido um problema para o público internacional. Pessoas vindas de culturas diferentes e falando línguas diferentes se identificaram fortemente com os personagens.”
Amor é amor
“As meninas exploram sua própria identidade sem que ninguém de fora as defina”, diz a diretora de cinema Alli Haapasalo.
Foto: Marica Rosengård
Girl Picture procura desafiar a forma como as pessoas tradicionalmente percebem as meninas. No filme, três garotas passam três sextas-feiras juntas e duas delas se apaixonam.
“O caso de amor envolve duas pessoas apaixonadas, independentemente do sexo”, diz Haapasalo. “A orientação sexual delas não é um problema. A terceira garota busca prazer, mas não o sente. Não sabemos se ela é assexuada ou simplesmente ainda não encontrou a sua sexualidade – e está tudo bem. Eles estão apenas explorando a si mesmas e sua sexualidade. As meninas veem a sexualidade como algo fluido, não fixo. Pedem permissão para tocar e respeitam o espaço uma do outra.”
Elas são jovens corajosas e ativas e não sofrem nenhum dano por causa disso.
“O nosso mundo está cheio de histórias em que meninas engravidam, são violadas ou assassinadas porque se atrevem a ser livres”, diz Haapasalo. “As roteiristas, Daniela Hakulinen e Ilona Ahti, e eu queríamos fazer o oposto, e não punir as meninas por sua liberdade.”
Apoio para aspirantes a filmmakers
A partir da esquerda: Linnea Leino, Eleonoora Kauhanen e Aamu Milonoff interpretam as meninas em Girl Picture.
Foto: Ilkka Saastamoinen/Citizen Jane Productions
Depois de estudar jornalismo, Haapasalo estudou direção em Helsinque e Nova Iorque. Ela morou nos EUA por dez anos e aproveitou seu tempo no exterior.
“Voltei para a Finlândia com a minha família e tenho desfrutado da sociedade finlandesa confortável e funcional e do sistema de acolhimento de crianças bem organizado”, diz ela. “Meu dia a dia é logisticamente muito fácil e é fácil viajar de um lugar para outro. Por exemplo, não moro perto do aeroporto, mas consigo chegar em 20 minutos.”
Ao trabalhar em seus projetos cinematográficos, Haapasalo encontrou apoio e financiamento na Finnish Film Foundation.
“Como aspirante a cineasta, você não precisa ser rico e financiar seus próprios projetos, ou ter bons contatos apenas para conversar com as pessoas certas”, diz ela. Ela acredita que isto aumenta o acesso à indústria cinematográfica e contribui para aumentar a diversidade social, étnica e de gênero. “Faz muita diferença ter dinheiro público apoiando a produção cinematográfica.”
As produtoras internacionais de filmes podem solicitar um desconto em dinheiro a Business Finland para os custos envolvidos em todas as fases de produção realizadas na Finlândia. Cada vez mais filmes estrangeiros estão sendo rodados na Finlândia.
“Eu posso recomendar filmagens na Finlândia para produções estrangeiras”, diz Haapasalo. “As pessoas que trabalham na indústria cinematográfica finlandesa são bem educadas e habilidosas, levam a sério as questões de segurança. Podemos confiar nelas. Acho que são muito fáceis de trabalhar.”
Por Päivi Brink, ThisisFINLAND Magazine 2023
