Filmando na fotogênica Finlândia

A Finlândia oferece um cenário deslumbrante para filmes, documentários e séries, não importa o contexto necessário – de paisagens urbanas e selvagens a lagos e arquipélagos. Em filmes recentes, inclusive, cidades finlandesas desempenharam papéis como se fossem Paris e Seattle.

As paisagens finlandesas oferecem infinitas florestas nevadas  no inverno e o sol da meia-noite brilhando sem parar em 188 mil lagos no verão. Como cerca de 70% da Finlândia é floresta, há uma abundância de paisagens selvagens e naturais.

Surpreendentemente, mesmo os lugares mais remotos da Finlândia são acessíveis a veículos pesados, uma vez que existem estradas para a manutenção da floresta. A cobertura da rede de Internet e telefonia chega a quase todos os lugares, e a segurança cibernética está atualizada. O país é muito seguro e a infraestrutura funciona bem em todas as estações. Esses fatores figuram nas decisões das empresas de situar as produções de filmes e séries de TV na Finlândia nos últimos anos.

Em alguns filmes, as cidades finlandesas desempenharam o papel de outras cidades. O thriller de ficção científica americano Dual (2022) foi filmado na cidade de Tampere, no centro-oeste, fingindo ser Seattle. A cidade de Turku, no sudoeste, com seus belos edifícios do século 19, representou a Paris dos anos 1950 em Tove (2020), que retrata um período decisivo na vida da autora e artista finlandesa Tove Jansson. Em outros filmes, Turku também interpretou os papéis de Estocolmo e Veneza.

Uma mulher pinta em uma tela no chão de uma grande sala com estantes ao fundo.

Do filme Tove: A escritora e artista Tove Jansson (interpretada por Alma Pöysti) pinta uma tela em seu apartamento em Helsinque.
Foto: Tommi Hynynen

Usando a Lapônia finlandesa como um cenário de um filme incomum

Às vezes, a paisagem finlandesa assume o papel principal em um filme ou série de TV. O filme francês Aïlo, (2018, título em português: A Jornada de uma Rena) é um filme sobre uma rena recém-nascida que supera muitos desafios durante seu primeiro ano de vida nas paisagens cênicas da Lapônia finlandesa.

“Obviamente, a natureza e as paisagens finlandesas foram um motivo definitivo para escolher a Finlândia como local para Aïlo”, diz o diretor Guillaume Maidatchevsky. “Além disso, escolhi Rovaniemi, pois queria que Aïlo fosse um conto de Natal.”

Um ponto chave para ele foi o encontro com o produtor Marko Röhr da MRP Matila Röhr Productions.

“Marko Röhr é um produtor de ficção e documentários incrível e também um amante da natureza”, diz Maidatchevsky. “Ele e seu diretor de fotografia Teemu Liakka conhecem muitos lugares selvagens e estão em contato com os Sámi locais [o povo indígena do norte da Europa]. Então, foi ótimo ter Marko e Teemu conosco. Filmar a vida selvagem com o uso de material documental em estilo de ficção não é uma tarefa fácil. Marko também sabia exatamente como eu queria dirigir Aïlo. Adaptabilidade foi uma palavra-chave para mim e ele entendeu muito bem.”

Uma foto aérea de várias cabanas de madeira em uma paisagem de floresta nevada.

No filme japonês Snow Flower (2019), uma viagem a Helsinque e à Lapônia finlandesa é a realização de um sonho para uma jovem moribunda. A natureza ártica é uma característica principal do filme.
Foto: Jari Romppainen/Film Lapland

Feedback positivo para profissionais finlandeses

Os finlandeses que trabalham para a indústria audiovisual obtêm feedback especialmente positivo depois de trabalhar em produções internacionais.

“Profissionais finlandeses em todos os estágios de produção são frequentemente considerados muito confiáveis, incrivelmente econômicos e bons em cumprir o cronograma”, diz a gerente de produto Merja Salonen, da Business Finland. Ela é responsável pelo incentivo à produção para a indústria audiovisual. “Os finlandeses tendem a ir direto ao ponto. Eles também sabem como trabalhar em condições de inverno.”

O filme ou série de TV não precisa ser filmado na Finlândia para empregar esses profissionais finlandeses econômicos e pontuais. É possível fazer apenas a pós-produção com eles – incluindo edição, engenharia de som, correção de cores e muito mais.

Um homem está ao lado de um caminhão onde o equipamento está sendo descarregado no chão coberto de neve.

Uma cena da série de TV Ivalo está sendo filmada no topo de Kaunispää, uma pequena montanha que faz parte da cordilheira Saariselkä na região de Inari.
Foto: Tarmo Lehtisalo/Lehtikuva

Deadwind gera ondas internacionais

Deadwind é uma série policial estrelada por Pihla Viitala como a detetive Sofia Karppi e Lauri Tilkanen como seu novo parceiro, Sakari Nurmi. Karppi é uma jovem viúva forte e independente, uma mãe carinhosa e uma detetive competente apreciada por seus colegas, mas também reservada e mal-humorada. Deadwind é dirigido por Rike Jokela e se passa em Helsinque. A primeira temporada foi lançada em 2018 e a terceira temporada foi filmada no outono de 2020.

Deadwind e outra série policial chamada Bordertown, ambientada na cidade de Lappeenranta, no sudeste da Finlândia, foram as primeiras séries de TV finlandesas distribuídas internacionalmente pela Netflix. Eles abriram portas para outras produções finlandesas em várias plataformas de streaming.

“A empresa responsável por nossas vendas internacionais despertou o interesse da Netflix quando tínhamos apenas o roteiro e alguns videoclipes prontos”, diz Pauliina Ståhlberg, produtora de Deadwind, da Dionysos Films.

“Deadwind é um bom exemplo de Nordic Noir, que é muito popular internacionalmente há algum tempo. Após o sucesso da primeira temporada de Deadwind, ficou mais fácil distribuir as próximas temporadas internacionalmente. A série tem sido popular em todo o mundo, incluindo França, Reino Unido, Japão, Coreia do Sul e Brasil. O roteiro é muito bom, o que também atrai interesse para remakes em outros idiomas.”

A série se passa em Helsinque, mas não parece um anúncio de viagem. “A Helsinque de Deadwind é bastante áspera e melancólica: quieta, cinza, fria e úmida”, diz Ståhlberg.

“As cenas geralmente se passam na periferia da cidade, não no centro. Mas a Finlândia e Helsinque são muito reconhecíveis.”

Por Päivi Brink, Revista ThisisFINLAND