Depois de encontrar refúgio na Finlândia, mulher afegã continua a defender a paz e a igualdade

Desde que fugiu do Talibã e chegou à Finlândia, Shekeba Ahmadi encontrou estabilidade em um dos países com maior igualdade de gênero do mundo. Por meio de seu trabalho como defensora dos direitos das mulheres, ela espera lutar contra a opressão extremista de sua antiga pátria.

Shekeba Ahmadi chegou a um centro de recepção a refugiados na cidade de Oulu, no norte da Finlândia, com nada além de seu telefone, passaporte e as roupas do corpo. Para chegar ao aeroporto da capital afegã, Cabul, e sair do país, ela se submeteu a uma rota de fuga angustiante que incluía trechos por canais de esgoto.

Ahmadi é Hazara, um grupo étnico fortemente perseguido pelo Talibã. Como ex-funcionária da Embaixada da Finlândia em Cabul, ela fez parte do grupo de mais de 400 afegãos evacuados para um local seguro com a ajuda das Forças de Defesa da Finlândia.

Organizando novos pilares

Pessoas e ciclistas estão em uma rua de prédios imponentes de quatro andares.

A cidade finlandesa de Oulu, mostrada aqui, foi o primeiro destino de Ahmadi após uma fuga caótica e perigosa do Afeganistão em agosto de 2021.
Foto: Ismo Pekkarinen/Lehtikuva

Ahmadi compartilha sua história enquanto toma um café no centro de Helsinque, cidade que ela chamou de lar a partir de 2021.

“O reassentamento tem sido muito fortalecedor, mas também desafiador”, diz ela. “Os momentos iniciais foram difíceis; tinha pesadelos terríveis, então, tentei me concentrar ativamente na reconstrução da minha vida.”

Depois de distribuir currículos ela conseguiu um estágio na organização de mediação da paz CMI, uma fundação criada pelo Prêmio Nobel da Paz e ex-presidente finlandês Martti Ahtisaari. Ela também foi aceita no programa Peace, Mediation and Conflict Research (Pesquisa em Paz, Mediação e Conflito) da Universidade de Tampere. Ela adiou esses estudos enquanto continua seu trabalho no CMI.

“Tive uma assistente social maravilhosa que arranjou um apartamento para mim ao norte de Helsinque”, diz ela. “Eu trabalhei duro para receber tudo o que tenho em meu pequeno ninho.”

Arquiteta de sua própria vida

Uma mulher com uma jaqueta branca está sentada em frente a uma janela em uma cafeteria com uma xícara de café.

Primeira pessoa de sua família a concluir o ensino médio, Ahmadi diz: “Tenho orgulho de dar um exemplo inspirador para minhas sobrinhas, que vivem em uma sociedade que não está aberta à educação de meninas”.
Foto: Peter Marten

Ahmadi compartilha sua história enquanto toma um café no centro de Helsinque, cidade que ela chamou de lar a partir de 2021.

“O reassentamento tem sido muito fortalecedor, mas também desafiador”, diz ela. “Os momentos iniciais foram difíceis; tinha pesadelos terríveis, então, tentei me concentrar ativamente na reconstrução da minha vida.”

Depois de distribuir currículos ela conseguiu um estágio na organização de mediação da paz CMI, uma fundação criada pelo Prêmio Nobel da Paz e ex-presidente finlandês Martti Ahtisaari. Ela também foi aceita no programa Peace, Mediation and Conflict Research (Pesquisa em Paz, Mediação e Conflito) da Universidade de Tampere. Ela adiou esses estudos enquanto continua seu trabalho no CMI.

“Tive uma assistente social maravilhosa que arranjou um apartamento para mim ao norte de Helsinque”, diz ela. “Eu trabalhei duro para receber tudo o que tenho em meu pequeno ninho.”

Arquiteta de sua própria vida

Pessoas, ciclistas e bondes atravessam um movimentado cruzamento no centro de uma cidade com prédios e árvores ao fundo.

A capital finlandesa Helsinque é a cidade que Ahmadi agora chama de lar.
Foto: Jussi Hellstén/Helsinki Partners

Apesar de ser grata por seu novo lar, não há um só dia que passe sem que ela sinta agonia pelas lutas daqueles que ficaram para trás.

“Muitas coisas que são consideradas normais na Finlândia são privilégios incríveis para recém-chegados como eu. Coisas como educação gratuita, sistema de saúde, ar fresco e água limpa”, diz ela. “No Afeganistão, temos que comprar água potável engarrafada.”

Depois de testemunhar como o Talibã impôs limites extremos aos direitos das mulheres, Ahmadi expressa apreço especial pela igualdade de gênero finlandesa.

“Foi inspirador conhecer tantas mulheres corajosas, fortes e independentes na Finlândia, que fazem quase tudo sozinhas”, diz ela. A Finlândia classifica-se consistentemente no topo ou muito perto do topo dos estudos internacionais que avaliam a igualdade de gênero e os direitos das mulheres.

Liberdade educacional para todos

Um grupo grande de mulheres, a maioria vestidas de preto, marcha em uma rua durante uma manifestação.

Estudantes afegãs falam em coro: “Educação é nosso direito, genocídio é crime”, durante uma marcha em Herat, oeste do Afeganistão, em 2 de outubro de 2022. Foi um dos muitos protestos no país após um ataque suicida a bomba em um centro de ensino em Cabul dois dias antes.
Foto: Mohsen Karimi/AFP/Lehtikuva

Ahmadi foi recentemente promovida ao cargo de assistente de projeto na equipe Women in Peacemaking (Mulheres na Pacificação) da CMI. Sua nova função envolve a conexão com o Fórum de Líderes de Mulheres Afegãs, uma rede que busca garantir a inclusão de mulheres afegãs no diálogo político.

“Todas as manhãs acordo feliz por contribuir com algo positivo em um trabalho que está intimamente alinhado aos meus valores pessoais”, diz Ahmadi.

Com o Talibã continuando sua perseguição sistemática, o que Ahmadi acredita que a comunidade internacional deveria fazer?

“Os remédios vão além do apoio humanitário”, diz ela. “Antes de tudo, mecanismos de monitoramento devem ser implementados para manter um registro de crimes de guerra e violações de direitos humanos. E todos os líderes do Talibã devem estar sob total proibição de viajar”.

Ela continua: “Além disso, os refugiados afegãos devem ter assegurado o direito a um processamento justo e rápido de seus pedidos de asilo”.

Quando questionada sobre suas esperanças pessoais para o futuro, Ahmadi diz que quer viver em um mundo onde as mulheres não tenham que lutar apenas para obter direitos básicos.

“E as meninas não deveriam ter que lutar para ir à escola”, diz ela.

Por Silja Kudel, novembro de 2022