O ator finlandês Jasper Pääkkönen alcançou a fama em Hollywood em 2018. Curiosamente, seu papel inovador foi o personagem supremacista branco de Felix Kendrickson em BlacKkKlansman, filme de Spike Lee vencedor do Oscar. Em seguida, Pääkkönen aparece no Da 5 Bloods, também de Spike Lee, baseado no Vietnã. Na opinião de Pääkkönen sobre Lee, cujo trabalho sempre foi popular na Finlândia, seus filmes têm uma abordagem à justiça e à igualdade que ressoa com os valores finlandeses.
Aos 18 anos de idade ele começou a atuar. A carreira de Pääkkönen teve início em uma série de TV popular na Finlândia, trazendo-lhe fama nacional. Desde o início, ele utilizou a publicidade para aumentar a conscientização sobre sua grande paixão: peixes migratórios. A conquista de papéis internacionais trouxe atenção maior da mídia, ajudando-o no trabalho de conservação da natureza. Além de sua carreira de ator, ele trabalha em período integral há anos em prol de águas mais saudáveis.
Pääkkönen tinha apenas dois anos quando ganhou sua primeira vara de pescar. O que deixou o menino tão entusiasmado com a pesca?
“Deve ser um instinto primitivo de caçador-coletor”, diz ele.
Observar a pesca com mosca, uma das mais antigas formas de pesca no mundo e também uma das mais artísticas, vendo a linha se curvar no ar hipnotizou o menino. Além da estética e dos altos e baixos emocionais, a pesca com mosca consiste em passar um tempo na natureza, esvaziando a mente, curtindo os amigos e alegremente deixando o resto do mundo desaparecer por um tempo.
“Um dia de pesca com mosca pode ser perfeito, mesmo se você não pegar nada.”
Como exemplo, ele menciona um dia, recentemente, em que pescava no norte, que se tornou inesquecível por causa de um salmão gigante. Por um tempo, o peixe foi seu maior pescado de todos os tempos. Até que escapou.
“Naquele exato momento, parecia a maior perda da minha vida”, ele ri. “Somente o tempo dirá se isso será um trauma ou uma experiência positiva”.
Ele compara o incidente à busca por ganhar uma medalha de ouro nas Olimpíadas, algo pelo qual você passa a vida construindo – apenas para perdê-la em um piscar de olhos.
“A pesca com mosca às vezes também envolve emoções extremas.”
O salmão chegou a ser colocado no barco, mas lutou por sua liberdade e fugiu antes que ele pudesse fazer suas medições ou tirar uma foto. “Provavelmente pesava algo entre 17 e 20 quilos”.
Rios estão sendo restaurados
“Quero que meus filhos e netos possam desfrutar de rios e pescarias saudáveis”, diz Jasper Pääkkönen.
Foto: Roope Permanto
Enquanto Pääkkönen admite ceder à sua paixão pela pesca, a prática abriu seus olhos para espécies de peixes ameaçadas de extinção e o mau estado dos rios.
“Em todo o mundo, a energia hidrelétrica destruiu os rios e seus arredores.”
Os peixes migratórios estão entre os maiores sofredores. “Os peixes têm um status baixo na escala de conservação da natureza, talvez porque não sejam fofinhos e abraçáveis”, diz Pääkkönen, com seu olhar e voz ficando mais intensos. Graças a ele e a outros ativistas incansáveis em todo o mundo, sinais de mudanças positivas estão no horizonte.
“Quero que meus filhos e netos possam desfrutar de uma natureza limpa, de rios e pescarias saudáveis”.
Recentemente, ele desempenhou um papel crucial na decisão de remover as três barragens do rio Hiitolanjoki, na Carélia do Sul, na Finlândia.
“Acredito que essa decisão levará a uma reação em cadeia na Finlândia. Restaurar rios removendo barragens já é um movimento internacional. ”
Integridade, honestidade e segurança
Passar um tempo fora da Finlândia fez Pääkkönen apreciar ainda mais algumas características de sua cultura nacional.
“Em muitas escalas, a Finlândia lidera o mundo”, diz ele. “Nossa localização remota não nos impediu de fazer o certo. Além do ar fresco, da água potável e de vastas áreas de natureza selvagem, a alfabetização é alta e cuidamos daqueles que têm menos sorte. É assim que deveria em todos lugares, mas há muito poucos onde isso realmente acontece. ”
Além do bem-estar social, Jasper Pääkkönen se orgulha da integridade e honestidade da Finlândia. As pessoas cumprem suas promessas. “As ações falam mais alto que as palavras” é um princípio profundamente arraigado no solo finlandês.
“Meu agente americano diz que visitar a Finlândia calibra sua bússola moral todas as vezes.”
O mesmo agente ficou surpreso ao ver um bebê dormindo lá fora no inverno.
“Era um dia frio e com neve e ele não conseguia entender como era possível deixar um bebê dormir lá fora”, diz Pääkkönen. “É uma tradição finlandesa. Os bebês dormem muito bem lá fora, no ar puro e frio, aconchegados em roupas bem quentes em seus carrinhos. ” Foi apenas mais um caso de ar puro e segurança maravilhosamente combinados.
Suando tudo na sauna
Jasper Pääkkönen é fundador e proprietário da Löyly, uma sauna de Helsinque que mostra a arquitetura de madeira finlandesa na costa do Mar Báltico.
Foto: Pekka Keränen/ VisitFinland
Outro campo que Jasper Pääkkönen diz que a Finlândia deveria ser pioneira, é o das viagens pela natureza. Agora, trabalhando em um resort premium a ser construído na Lapônia, ele deseja investir em arquitetura sustentável. Acolhedor, convidativo e bom para o meio ambiente.
Fundador e proprietário da Löyly, uma sauna costeira ecologicamente construída e administrada em Helsinque, Pääkkönen acha que os empreendedores devem fazer mais pelo meio ambiente do que simplesmente o que é exigido por lei. E, de fato, a economia neutra em carbono está no topo da agenda de muitas empresas.
“Acho que é nosso dever agir com a maior responsabilidade possível. A combinação de sauna e restaurante por si só não teria concedido a Löyly uma classificação na lista dos 100 melhores lugares da revista TIME. ”
Quando ele está na Finlândia, a sauna faz parte da programação diária: “Para nós, finlandeses, a sauna não é realmente um luxo, mas uma parte única e normal de nossas vidas diárias. Temos uma conexão emocional especial com isso. A sauna ajuda a suar todas as preocupações e estresse mundanos. Você não visitou a Finlândia realmente se não desfrutou de uma sauna.” E deve ser uma tradicional, com forno para queima de madeira.
Por Minna Takkunen, Revista ThisisFINLAND 2020
