Copa do Mundo logo alí: fãs finlandeses terão o verão do futebol

Embora a Finlândia não seja conhecida como um dos principais países do futebol, os fãs finlandeses do esporte têm motivo de sobra para se empolgarem, pois a Copa do Mundo de 2018 será logo alí, na vizinha Rússia.

Desde 1958, a Finlândia não tem a Copa do Mundo de futebol tão perto de suas fronteiras. A última vez foi quando um adolescente brasileiro chamado Pelé fez sua estréia na Suécia, marcando dois gols que o ajudaram a vencer a final contra os anfitriões, dando início, assim, a uma carreira brilhante.

Sessenta anos depois, o torneio acontece, mais uma vez, à porta da Finlândia, desta vez na Rússia. A Suécia, que participará pela 12ª vez, levantará a bandeira da região nórdica junto com a Dinamarca, que estará no torneio final pela quinta vez, e a Islândia, que estará pela primeira vez na história.

Distância conveniente

Os fãs dinamarqueses não são hooligans – eles se chamam “roligans”, baseados na palavra “rolig” (calma). Mas é claro que eles ficam animados quando a Dinamarca faz um gol.Foto: Paulo Fé/AFP/Lehtikuva

Não há como amenizar: a seleção masculina finlandesa nunca se classificou para um campeonato europeu e nem para um torneio da Copa do Mundo. No seu grupo de qualificação, acumulou apenas duas vitórias e nove pontos em dez jogos e uma diferença de golos de menos quatro, terminando em quinto lugar de seis no seu grupo, à frente apenas de Kosovo.

Mas o interesse na competição, sediada em cidades diferentes da Federação Russa, de 14 de junho a 15 de julho, vem se mostrando maior do que nunca. A facilidade para se chegar ao campeonato, já que não é longe, encorajou os finlandeses e outros torcedores a atravessarem a fronteira para assistirem a alguns jogos pessoalmente.

Fãs de muitos outros países também passarão pela Finlândia quando estiverem a caminho da Rússia. São Petersburgo é a cidade mais próxima, a três horas e meia de trem de Helsinque, e Moscou também está a uma distância conveniente. Kaliningrado também é um ponto Báltico relativamente fácil.

Gerações futuras

A partir da esquerda: o atacante islandês Jóhann Guðmundsson, os médios Gylfi Sigurðsson e Aron Gunnarsson e o goleiro Hannes Halldórsson exibem a bandeira de seu país após derrotarem a Áustria no Euro 2016, onde a Islândia anunciou sua presença nas quartas-de-final. Na Copa do Mundo, seu grupo inclui Argentina, Croácia e Nigéria.Foto: Kenzo Tribouillard/AFP/Lehtikuva

Juho Summanen e seu irmão estão entre os finlandeses que conseguiram comprar ingresso. Eles irão a um jogo da etapa do grupo da Argentina, que é um dos países favoritos, e um da Nigéria em São Petersburgo.

“Torcemos pela Argentina há anos, embora nenhum de nós tenha qualquer ligação com o país”, diz Summanen, que trabalha para um escritório de tradução. “Eu acho que nós apenas gostamos do estilo de jogo deles. Eu realmente não consigo me lembrar de como isso começou. Meu irmão me deu o ingresso de presente de Natal. Na verdade, conseguir os ingressos não foi difícil, mas há um procedimento de identificação de fã obrigatório que parece ser um pouco incômodo ”.

É a primeira vez que Summanen participa de um grande torneio internacional de futebol. Como muitos finlandeses, ele é mais um fã de hóquei no gelo do que um devoto do futebol, especialmente porque o time de futebol que ele torcia, Rakuunat, da cidade de Lappeenranta, no leste, está extinto desde 2008.

“Mas acompanho a seleção nacional quando eles tentam se classificar para a Euro Copa ou para a Copa do Mundo e, depois, acompanho os torneios”, diz ele.

Ele não é muito otimista sobre a classificação da seleção da Finlândia para um dos grandes campeonatos: “Estivemos próximos somente quando Jari Litmanen e Sami Hyypiä ainda estavam jogando. Espero que as gerações futuras provem que estou errado!

Colados no jogo

O meio-campo dinamarquês Christian Eriksen (10) comemora com o companheiro de equipe Thomas Delaney, depois de marcar um gol contra a República da Irlanda, em uma partida de qualificação, disputada em Dublin, no outono de 2017. Eriksen marcou três gols e os dinamarqueses venceram por 5-1, garantindo seu lugar na Rússia, onde enfrentam a Austrália, Peru e França.Foto: Paulo Fé/AFP/Lehtikuva

No futebol finlandês, o jornalista esportivo Olli-Matti Matihalti apóia o SJK, da cidade de Seinäjoki, no centro-oeste, que ganhou o campeonato nacional em 2015. Ele identifica um grupo de jovens  e talentosos finlandeses que está surgindo, mas é igualmente cauteloso em prever o sucesso finlandês em nível internacional.

Ele também é cauteloso sobre ir para a Rússia, preferindo assistir aos jogos da Copa do Mundo pela TV. “Eu estive em uma Copa do Mundo e em um Campeonato Europeu e, embora seja fácil viajar para a Rússia, é difícil se preparar, a menos que você tenha certeza de que tem um ingresso”, diz Matihalti. “Os pacotes de viagem com hotéis e jogos também estão caros demais”. É mais fácil assistir em casa.

A proximidade geográfica do evento do outro lado da fronteira pode afetar o número de espectadores. Espera-se que uma proporção maior da população finlandesa do que em qualquer outra Copa do Mundo estará posicionada em frente ao seu aparelho de TV. Os finlandeses estão empolgados para assistir a um bom futebol, mas estão dispensados do estresse partidário que seus membros da família nórdica – os dinamarqueses, os islandeses e os suecos – estão sentindo.

O verão do futebol continua

As pessoas na Finlândia podem não estar muito empolgadas com as perspectivas de sua seleção masculina, mas ainda há muita coisa acontecendo no futebol da Finlândia.

Os finlandeses podem não estar muito empolgados com as perspectivas de sua seleção masculina, mas ainda há muita coisa acontecendo no futebol do país.

O Campeonato Europeu Sub-19 acontece de 16 a 29 de julho, logo após a Copa do Mundo, em Seinäjoki e Vaasa, com oito equipes na disputa: Finlândia, Noruega, Inglaterra, Itália, Ucrânia, Portugal, França e Turquia.

Além disso, a Copa Anual de Helsinque, realizada dentro e nos arredores da capital (este ano de 9 a 14 de julho), é o terceiro maior torneio juvenil de futebol da Europa e atrai equipes masculinas e femininas de lugares tão distantes quanto a América do Sul. É um grande evento para identificar as estrelas do futuro.

Por Tim Bird, junho de 2018