Albert Edelfelt, mestre da pintura plein air – a pintura ao ar livre

Albert Edelfelt viveu e trabalhou em Paris por mais de 15 anos. Ele foi o primeiro ícone cosmopolita da Finlândia.

Desde o início de uma carreira promissora como um jovem pintor finlandês e até tornar-se uma celebridade na Europa, Albert Edelfelt foi o primeiro ícone da arte cosmopolita da Finlândia. O célebre Vincent Van Gogh, entre outros, admirava o seu trabalho. Tendo declinado de um título de professor na Academia Imperial de Artes, em São Petersburgo, as grandes paixões de Edelfelt foram o estilo de vida parisiense e os verões que passava na sua terra natal.

Infância e estudos

Albert Edelfelt nasceu em 1854, como membro de uma família aristocrática que falava o sueco. Apesar de suas origens, a sua infância foi marcada por restrições financeiras. O seu pai faleceu quando Albert tinha apenas quinze anos, deixando dívidas substanciais. Apesar disso, a mãe de Albert apoiou o seu interesse pela arte e as suas ambições durante os seus anos de formação como pintor.

Embora tenha tido aulas de arte enquanto estudava idiomas e história na Universidade Imperial em Helsinque, na opinião de Edelfelt o ensino de arte na Finlândia era retrógrado. Havia poucas coleções de arte e o país não tinha uma cultura artística inspiradora. Por fim, ele desistiu do curso e inscreveu-se na Academia de Arte da Antuérpia, em 1873. Após estudar pintura histórica durante seis meses, ele mudou-se para Paris para continuar o processo de aprendizado.

Desde o início, Edelfelt não teve dúvidas de que Paris seria o lugar certo para desenvolver as suas aptidões artísticas. Os museus e as galerias da cidade ofereciam infindáveis possibilidades para a observação de quadros. A presença de artistas com ideias semelhantes e de um círculo de amigos cada vez maior permitia a ele debater calorosamente o tema.

Ele inspirou-se nos seus contemporâneos, porém foi também fortemente influenciado por mestres do passado, como Velazquez e Goya. Edelfelt viajou para a Finlândia em 1875, determinado a voltar para Paris o quanto antes.

Portraits, Paris, e plein air

A finalidade inicial dos estudos de Edelfelt no exterior era tornar-se pintor histórico. De fato, a primeira obra dele que obteve o reconhecimento do público em Paris foi Rainha Bianca, um quadro que retrata a época medieval.

Rainha Bianca (1877)© FNG

Os Jardins de Luxemburgo (1887)© FNG

Já na França, entretanto, Edelfelt logo se deu conta de que a pintura plein air, que retratava a realidade contemporânea ao invés de ilustrar cenas históricas, era o que dominava o mundo artístico na capital francesa.

Contudo, embora Edelfelt tenha morado em Paris durante mais de quinze anos, ele pintou apenas um quadro maior retratando o ar livre: Os Jardins de Luxemburgo. A inspiração para outras obras comparáveis veio de sujeitos finlandeses.

Retrato de Louis Pasteur (1885)© FNG

No final do Século 19, Paris era o epítome de todas as atrações que a vida contemporânea tinha para oferecer. Além da arte, Paris também era a capital do consumo, da tecnologia, do prazer e da sensualidade. Enquanto morou em Paris, Edelfelt pintou inúmeros retratos de lindas mulheres parisienses, com algumas das quais ele teve um flerte.

Cerca de metade das obras de Edelfelt são portraits (retratos de pessoas). Além de frequentemente pintar modelos femininas desconhecidas, ele também recebeu diversas comissões. Dentre estas, o quadro de maior destaque é o Retrato de Louis Pasteur. Edelfelt fascinou-se com os feitos científicos de Pasteur e dedicou diversos meses ao estudo do seu trabalho e das cenas no seu laboratório.

Quando finalmente concluiu o quadro, a popularidade deste transformou Edelfelt em uma celebridade, e ele passou a ser considerado um dos retratistas mais refinados da Europa. Alguns anos antes, van Gogh manifestara a sua admiração pelo talento de Edelfelt para retratar sentimentos humanitários nas suas obras.

Rússia

O quadro Rainha Bianca foi a primeira obra de Edelfelt a aparecer em uma exibição pública, na Rússia. Nessa época, a Finlândia era um Grão-ducado autônomo da Rússia e o quadro foi também incluído no setor russo da Exibição Mundial de 1878, em Paris.

O pintor manteve, durante anos, laços estreitos e confidenciais com a corte russa, tendo até mesmo realizado sessões com o Czar Nicolau II no Palácio de Inverno. Edelfelt foi também comissionado para pintar uma série de retratos dos filhos da Família Imperial.

Edelfelt foi nomeado Membro Pleno da Academia Imperial de Artes, em 1895. Um ano depois, recebeu uma proposta de Ilya Repin, que lhe ofereceu a chefia de uma disciplina na Academia. Porém, Edelfelt sabia que São Petersburgo não lhe ofereceria a vida artística vibrante de Paris e declinou da oferta.

Os últimos anos do Século 19 testemunharam uma crescente preocupação na Finlândia com a política de russificação imposta pela Rússia. Esta situação teve um papel fundamental no crescente sentimento nacionalista e patriótico entre os finlandeses. Embora fosse um Embaixador de Boa Vontade junto aos dois países, Edelfelt jamais abandonou a sua terra natal e de fato contribuiu para o movimento pró-Finlândia, com ilustrações e quadros da Guerra Russo Sueca de 1808-9.

Last years

Parte do “Estudo Final para a Inauguração da Academia de Turku, 1640” (1902)© FNG

Após a experiência inicial com o estudo de pintura histórica, Edelfelt de fato deixou este gênero de pintura de lado até pintar o quadro que leva o nome Inauguração da Academia de Turku. Esta obra em grande escala, que retrata a fundação da Academia (posteriormente a Universidade) de Turku, em 1640, já tinha um lugar reservado no Átrio da Universidade de Helsinque.

Edelfelt iniciou o seu trabalho, após um planejamento meticuloso, em setembro de 1904, tendo oferecido a obra concluída à Universidade em janeiro de 1905. Este quadro é amplamente considerado como o ápice de sua obra, espelhando os papéis de artista, diplomata cultural e historiador. Albert Edelfelt faleceu em agosto de 1905.

Por Otto Utti, novembro de 2004