O impacto significativo do Slush, um movimento empreendedor de alta tecnologia, pode ser visto muito além da Finlândia. Muito mais do que um simples evento, o Slush é um movimento que, em menos de uma década, teve um aumento de público de 300 para 16 mil pessoas, todas ansiosas para prestigiar este grande acontecimento em Helsinque.
Tudo começou durante os dias escuros de 2008, quando 300 pessoas se reuniram em Helsinque para discutir empreendedorismo e tecnologia. O clima do inverno finlandês não era a única razão para a escuridão; a crise financeira global florescia e muitos países entravam em uma recessão profunda.
Os jovens participantes do Slush, muitos deles ainda estudantes, queriam um novo estilo de vida. Em vez da carreira tradicional de trabalho para grandes corporações, planejavam ser empreendedores. Esta ideia teve, e ainda tem, um apelo imenso, totalizando cerca de 16 mil pessoas de todo o mundo na última edição anual de Helsinque, incluindo empresários, investidores, estudantes e meios de comunicação. Além disso, o Slush organiza inúmeros encontros em locais tão distantes como Cingapura, Xangai e Nova York.
Uma cultura empreendedora
“O maior impacto que tivemos foi definitivamente na cultura”, diz Vikkula. “Basta olhar para a forma como a mídia vê o empreendedorismo hoje em dia, o que é ainda mais evidente nos jovens, que têm como principal objetivo gerir seus próprios negócios.”
Pekka Ilmakunnas, professor de economia da Universidade Aalto, concorda. Ele acredita que é algo positivo tanto o governo finlandês quanto os movimentos de base incentivarem o empreendedorismo. Ainda assim, a mudança acontece lentamente e não podemos esperar por milagres.
“O Slush e outros esforços para incentivar o empreendedorismo resultam em startups, muitas das quais são de curta duração”, diz Ilmakunnas. “Entre aqueles que sobrevivem, apenas alguns crescem rapidamente para se tornarem empregadores significativos. É importante que tenhamos startups, mas não podemos esperar que elas resolvam os nossos problemas de desemprego rapidamente.”
Capital, talento e boa educação
Algumas startups finlandesas ganharam atenção em todo o mundo: a poderosa plataforma de criação de jogos Supercell, a especialista em internet-das-coisas Enevo e a pioneira em saúde Blueprint Genetics são apenas alguns exemplos. Os investidores globais estão, agora, de olho nessas e em outras jovens empresas. Foram investidos, só em 2015, cerca de um bilhão de euros em capital de risco em startups finlandesas.
“A Finlândia tem agora a maior taxa de investimento em empreendimentos iniciais em proporção ao PIB da Europa”, diz Vikkula.” Muitos desses negócios aconteceram no Slush. Nos anos de 2013 a 2015, as reuniões de investidores no Slush resultaram em mais de 500 milhões de euros em financiamento para empresas iniciantes. Fora isso, empresas finlandesas receberam cerca de 200 milhões de euros”.
Enquanto o Slush mostrou seu valor em atrair capital de risco, Vikkula diz que agora é o momento de enfrentar novos desafios. Uma questão importante é conseguir as pessoas mais talentosas para trabalhar em startups. Ela explica que o Slush quer incentivar os jovens finlandeses em sua educação, bem como atrair imigrantes qualificados para trabalhar na Finlândia.
Ilmakunnas salienta que vai tomar uma variedade de medidas para garantir uma economia finlandesa saudável.
“Há empresas estrangeiras começando atividades na Finlândia”, diz Ilmakunnas. “No entanto, a longo prazo, também é importante ter novas empresas nacionais crescendo e aumentar o emprego. Ao longo do tempo, a pesquisa e a boa educação é que trazem competitividade “.
Nokia ainda pode surpreender
Movimentos como o Slush exercem impacto amplo sobre a economia ao longo do tempo, mas o movimento continua a ser extremamente importante no nível de empresas individuais. E tornou-se um grande fórum para se desvendar novos produtos. Grandes expectativas vêm não só de pequenas startups, mas também de grandes corporações. Em 2016, por exemplo, todos observam a Nokia.
A Nokia anunciou seu retorno à eletrônica de consumo com o tablet N1 no Slush em 2014. Agora, estão reentrando no mercado de celulares através de um acordo de licenciamento com a empresa finlandesa HMD Global. É amplamente especulado que durante o Slush 2016 a Nokia anuncie seus novos smartphones e tablets. Milhares de empreendedores iniciantes estarão felizes aprendendo sobre novas empresas e idéias, mas eles também estarão ansiosos para ouvir e ver quais grandes inovações sairão da velha e favorita Nokia.
Por David J. Cord, novembro 2016