Educação da Finlândia desperta interesse em educadores brasileiros

Em busca de desvendar o segredo no sucesso da educação finlandesa, o Brasil, já há algum tempo, tem voltado os olhos para lá.

O sistema educacional brasileiro ainda caminha a passos lentos e apesar do aumento do acesso à escola, não houve a tão sonhada universalização, além disso, a qualidade deixa muito a desejar.

E apesar de haver exceções, essa parece ser a situação mais comum. A escola pública não é a primeira opção e quem pode, e até quem não pode, faz de tudo para manter os filhos em uma instituição privada.

Já bem longe daqui, na Finlândia, a realidade é outra. O país nórdico ocupa posições privilegiadas nos rankings de educação, como o PISA, elaborado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, OCDE, e aplicado a cada três anos com ênfase em uma área do conhecimento. Nas últimas 4 avaliações, ficou entre os primeiros lugares. Já o Brasil, no mais recente, em 2010, obteve a 53ª colocação entre os 65 países que participam da avaliação.

Olhos voltados para a Finlândia

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As artes são valorizadas em todas as escolas.Foto: Tekes, Sanna Kiviniemi

Em busca de desvendar o segredo, se é que existe, no sucesso da educação finlandesa, o Brasil, já há algum tempo, tem voltado os olhos para lá. E tanto profissionais brasileiros vão para a Finlândia, quanto especialistas finlandeses vêm ao Brasil para contar as experiências.

No último dia 23 de maio, a diretora do Ministério da Educação e Cultura da Finlândia, Jaana Palojärvi, esteve em São Paulo no Seminário Internacional sobre o Sistema de Educação na Finlândia, que aconteceu no Colégio Rio Branco. O evento ficou lotado de educadores brasileiros, o que confirmou o interesse que a educação finlandesa desperta no Brasil.

A diretora também esteve em uma audiência pública na Comissão de Educação e Cultura do Senado, em Brasília, para apresentar o modelo de educação do seu país aos parlamentares brasileiro. Importantes meios de comunicação, como o jornal O Estado de São Paulo, TV Cultura, os sites G1 e R7, da Revista Exame, as agências Senado e Brasil, a Revista da Educação, o Blog Educação, do Instituo Votorantim e o jornal Correio Braziliense deram destaque ao evento.

Decifrando as soluções, uma a uma

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Na Finlândia, o que destaca é menos tecnologia e mais investimento no ser humano.Foto: Team Finland, Riitta Supperi

O site Exame.com apresentou uma análise de 10 itens que justificariam o êxito finlandês, como a questão da educação ser igualitária e gratuita, a simplicidade com que é tratada, com foco no professor, o colocando como definidor de metas e de formas de ensino. A liberdade que as escolas têm de criarem seus próprios métodos, de acordo com as necessidades locais também chamou a atenção. A valorização do professor, tanto no que diz respeito ao salário quanto às exigências para que se torne um não ficou de fora.

Outro ponto abordado é de que não há a necessidade de investimentos de grandes valores, mas sim da organização do que é investido, sem desperdício e burocracia. A quantidade de horas de estudo também não é o que mais conta, mas a qualidade do aproveitamento em sala de aula, o que dispensa a necessidade dos deveres de casa. O sexto ponto é o foco nos alunos que têm mais dificuldades. O sétimo é a valorização das formas de aprendizagem, com respeito às aptidões individuais. Menos tecnologia e mais investimento no ser humano também foi abordado. Por lá, também não existem tantos exames nacionais, como acontece no Brasil. E o último item na matéria do site da Revista Exame é a valorização das artes em todas as escolas.

É notório que a realidade dos dois países é muito diferente. Mas o Seminário Internacional sobre o Sistema de Educação na Finlândia ratificou que o Brasil tem sim, e muito, o que aprender com a Finlândia.

Por Deborah Trevizan, Junho de 2013