Dados são coletados, analisados e utilizados em todos os lugares. Os algoritmos de inteligência artificial processam dados para produzir decisões, recomendações e serviços automatizados. Novas aplicações de inteligência artificial surgem em ritmo acelerado.
“Nossas expectativas positivas em relação à economia de dados não se tornarão realidade se os cidadãos e consumidores não confiarem que a inteligência artificial é usada para impulsionar o bem-estar humano”, diz Haataja.
No futuro, a competitividade das empresas e dos países dependerá em grande parte de sua capacidade de utilizar dados e inteligência artificial. Quem possui experiência nesse setor será uma questão fundamental.
Ao mesmo tempo, uma quantidade crescente de atenção concentra-se na base ética das atividades de IA.
Mudanças em grande escala, ritmo acelerado
No início de sua carreira, Haataja trabalhou como diretora de inteligência artificial no OP Financial Group, uma das maiores e mais antigas empresas financeiras da Finlândia. Naquela época, ela diz, tornou-se óbvio que o poder e a responsabilidade devem caminhar lado a lado. “Comecei a me perguntar o que seria necessário para convencer nossos proprietários-clientes de que os dados que coletamos sobre eles sempre foram usados para beneficiá-los”, diz ela.
Posteriormente, sua carreira progrediu e ela passou a desenvolver princípios e práticas para o setor na Europa e no mundo. “Este é um trabalho excepcionalmente significativo e, portanto, gratificante”, diz ela. “É fantástico ter a oportunidade de colaborar com outros especialistas de todo o mundo para formular as novas diretrizes que moldarão o mundo em que nossos filhos vivem”. A tremenda rapidez no progresso da IA acrescenta sua própria dimensão ao trabalho: “Mudanças em larga escala precisam ser implementadas em um ritmo relativamente rápido”.
Tecnologia humanocêntrica
O Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE) – Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos, em português, – é um dos lugares onde a Haataja contribui atualmente para promover a ética da IA. Uma organização global independente com 400.000 membros em mais de 60 países, desenvolve padrões para o setor de tecnologia.
“Acima de tudo, a organização quer promover tecnologia centrada no ser humano que atenda às pessoas”, diz Haataja. “Por exemplo: o atual padrão WiFi foi desenvolvido pelo IEEE.”
Ela também é presidente do grupo de trabalho Finland’s AI Programme’s Ethics (Ética do Programa de IA da Finlândia, em tradução livre para o português). Além disso, ela tem sua própria empresa, a Saidot.ai, que desenvolve tecnologias para possibilitar a transparência do ecossistema, a responsabilidade e os acordos de inteligência artificial.
Em maio de 2018, a Resolução Geral de Proteção de Dados da UE (GDPR) entrou em vigor. Ela garante a todos os cidadãos da UE o direito de verificar que dados foram recolhidos sobre eles e receber informações sobre como estes dados serão utilizados e quem terá acesso a eles. Além disso, os cidadãos têm o direito de corrigir seus dados ou excluí-los de um registro.
“O GDPR representa um passo excepcionalmente significativo na direção do uso responsável dos dados”, diz Haataja. “Isso fornecerá a base para a criação de boas práticas éticas compartilhadas”.
Como a IA influenciará nossas vidas?
“Hoje em dia, a inteligência artificial está sendo amplamente desenvolvida para resolver ou automatizar casos e problemas de uso específicos, mas também é crucial considerar o impacto da tecnologia sob uma perspectiva mais ampla e de longo prazo”, diz Haataja. “Como isso vai influenciar nossas vidas e nossa sociedade?”
Ela menciona que há uma necessidade de padrões éticos e certificações, por exemplo, sobre como a inteligência artificial é usada em processos de recrutamento:
“Quando a inteligência artificial faz avaliações sobre o quão adequada uma pessoa é para determinada posição, por exemplo, analisando micro expressões na face da pessoa, há motivos para considerar que ela será discriminatória e precisamos descobrir como isso pode ser evitado.”
Ela acrescenta: “A UE tem um papel importante como pioneira. No entanto, os padrões e certificados do IEEE são destinados ao uso global.”
Por Matti Välimäki, janeiro de 2019