Resumo dos principais fatos históricos da Finlândia

A era sueca, russa e a independência em resumo.

Faremos um breve relato dos principais acontecimentos da história da Finlândia. Em linhas gerais, ela pode ser dividida em três capítulos: o período sueco anterior a 1809, o período russo de 1809 a 1917, e o período independente de 1917 até os dias de hoje.

Até meados do século 12, a área geográfica hoje ocupada pelo território da Finlândia era um vácuo político, embora interessasse a ambos os seus vizinhos, a Suécia ao oeste, bem como à Igreja Católica de lá, e Novgorod (Rússia) ao leste e à sua Igreja Ortodoxa.

A Suécia saiu ganhando, já que o tratado de paz de 1323, entre a Suécia e Novgorod, adjudicou apenas a Finlândia oriental a Novgorod. A região ocidental e meridional da Finlândia tinha laços com a Suécia e sofria a influência cultural da Europa Ocidental, enquanto a Finlândia oriental, ou seja, a Carélia fazia parte do mundo russo bizantino.

O reinado da Suécia

Em consequência do domínio da Suécia, o sistema sueco jurídico e social enraizou-se na Finlândia. O feudalismo não fazia parte desse sistema e, sendo assim, os campônios finlandeses jamais foram servos e sempre mantiveram a sua liberdade pessoal. O centro mais importante do país era Turku, fundado em meados do século 13, e que também era uma diocese.

A Reforma, iniciada por Lutero no início do século 16, também alcançou a Suécia e a Finlândia e, consequentemente, a Igreja Católica perdeu terreno para a fé luterana. A Reforma foi o estopim para uma grande ascensão cultural da língua finlandesa. Em 1548, o Novo Testamento foi traduzido para o finlandês pelo Bispo de Turku, Mikael Agricola (1510–1557), que trouxe a Reforma para a Finlândia e introduziu o finlandês escrito. A Bíblia completa em finlandês surgiu em 1642.

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O Castelo de Turku é o castelo medieval mais antigo da Finlândia. A sua construção foi iniciada no século 13 e concluída no final do século 16. © Banco de imágenes del Ente Nacional de Turismo

A Reforma, iniciada por Lutero no início do século 16, também alcançou a Suécia e a Finlândia e, consequentemente, a Igreja Católica perdeu terreno para a fé luterana.

A Reforma foi o estopim para uma grande ascensão cultural da língua finlandesa. Em 1548, o Novo Testamento foi traduzido para o finlandês pelo Bispo de Turku, Mikael Agricola (1510–1557), que trouxe a Reforma para a Finlândia e introduziu o finlandês escrito. A Bíblia completa em finlandês surgiu em 1642.

Durante o período em que foi uma das nações mais ponderosas (1617–1721), a Suécia ampliou os seus domínios ao redor do Báltico e conseguiu, devido à debilidade da Rússia, empurrar a fronteira finlandesa mais ainda para o leste. Com a consolidação da sede do governo em Estocolmo, o regime sueco foi estendido até a Finlândia no século 17. Era comum que os cidadãos suecos fossem nomeados para altos postos na Finlândia, o que fortaleceu o idioma sueco no país.

A Finlândia como Grão-ducado da Rússia (1809-1917)

Quando, no início do século 18, a Suécia deixou de ser a nação poderosa que fora, a Rússia aumentou a pressão sobre a Finlândia, que acabou por ser conquistada na guerra de 1808-1809 contra a Suécia.

Durante o período sob o domínio da Suécia, a Finlândia era meramente um punhado de províncias, não uma entidade nacional, sendo governada a partir de Estocolmo, que na época era a capital das províncias finlandesas. Porém, quando a Finlândia foi anexada à Rússia em 1809, passou a ser um Grão-ducado autônomo. O Grão-duque era o Imperador da Rússia, cujo representante na Finlândia era o Governador-geral.

O órgão supremo de governo da Finlândia era o Senado, cujos membros eram finlandeses. As questões relacionadas à Finlândia eram submetidas ao Imperador em São Petersburgo, pelo Ministro de Estado finlandês. Isto significava que a administração da Finlândia era tratada diretamente pelo Imperador da Rússia e, portanto, as autoridades russas não conseguiam interferir.

Uma vista de Helsinque no final do século XIX, por Oscar Kleineh (1846 – 1919).

O órgão supremo de governo da Finlândia era o Senado, cujos membros eram finlandeses. As questões relacionadas à Finlândia eram submetidas ao Imperador em São Petersburgo, pelo Ministro de Estado finlandês. Isto significava que a administração da Finlândia era tratada diretamente pelo Imperador da Rússia e, portanto, as autoridades russas não conseguiam interferir.

O Imperador Russo Alexandre I, um homem esclarecido e erudito, que foi o Grão-duque da Finlândia de 1809 a 1825, concedeu ampla autonomia à Finlândia, assim estabelecendo o estado finlandês. Em 1812, Helsinque passou a ser a capital da Finlândia e a universidade, que havia sido fundada em Turku em 1640, foi transferida para Helsinque em 1828.

O movimento nacionalista finlandês ganhou força durante o período russo. A epopeia nacional finlandesa, o Kalevala, compilada e editada por Elias Lönnrot, foi publicada em 1835.

O Decreto da Linguagem, promulgado por Alexandre II em 1863, marcou o início do processo através do qual o finlandês passou a ser um dos idiomas oficiais administrativos do país. Embora apenas um sétimo da população finlandesa falasse o sueco como primeira língua, o sueco manteve a sua posição dominante até o início do século 20.

A Dieta da Finlândia reuniu-se em 1863 após um intervalo de mais de meio século. A partir dessa data, a Dieta reuniu-se regularmente, marcando o início de uma intensa atividade legislativa na Finlândia. A Lei de Alistamento de 1878 permitiu que a Finlândia tivesse um exército nacional.

A obliteração do “separatismo finlandês”, uma política também conhecida como russificação, teve início durante a “primeira era opressiva” (1899-1905) e continuou durante a segunda era (1909-1917). A revolução de 1905, na Rússia, deu um breve fôlego à Finlândia, dando espaço para a criação de um novo órgão legislativo em 1906, que substituiu a antiga Dieta. Na época, esta foi a reforma parlamentar mais radical da Europa, pois em um único salto, a Finlândia deixou de ser governada por uma Dieta composta de representantes das quatro classes sociais para submeter-se à legislação de um parlamento unicameral e ao sufrágio universal. As mulheres finlandesas foram as primeiras da Europa a obter o direito ao voto em eleições parlamentares.

A república independente

Em 6 de dezembro de 1917, o Parlamento da Finlândia aprovou a declaração de independência redigida pelo Senado, o órgão que na época cumpria as funções do Conselho de Estado e da Suprema Corte, sob a liderança de P.E. Svinhufvud (1861–1944).

Na mesma época, a ruptura entre os partidos da esquerda e da direita tornou-se irreconciliável. No final de janeiro de 1918, os partidos esquerdistas organizaram um golpe e os membros do governo foram forçados a fugir de Helsinque. A Guerra Civil que se seguiu terminou em maio com a vitória das tropas governamentais, lideradas pelo General Gustaf Mannerheim (1867–1951). A Finlândia tornou-se uma república no verão de 1919, quando K.J. Ståhlberg (1865–1952) foi eleito primeiro presidente.

A república independente desenvolveu-se rapidamente durante os anos 1920. As feridas deixadas pela Guerra Civil foram mitigadas por medidas conciliatórias, como, por exemplo, a inclusão dos Sociais Democratas no governo; em 1926–1927 eles formaram o seu próprio governo minoritário.

Embora a política externa da Finlândia tenha sido inicialmente voltada para a cooperação com a Estônia, a Letônia, a Lituânia e a Polônia, a Liga das Nações já era uma parte fundamental da política de segurança finlandesa nos anos 1920. Quando, nos anos 1930, ficou evidente a incapacidade da Liga das Nações de salvaguardar a paz mundial, o Parlamento passou a debater a questão e, em 1935, aprovou o alinhamento da política externa finlandesa com a orientação escandinava.

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Na Guerra de Inverno a Finlândia ficou só. Os outros países ofereceram apenas solidariedade e ajuda modesta. As tropas sobre esquis finlandesas impuseram pesadas baixas ao exército russo. A resistência da Finlândia contra as forças avassaladoras da Rússia tornou-se legendária em todo o mundo. © SA-kuva

Em agosto de 1939, a Alemanha e a União Soviética assinaram um pacto de não agressão, que incluiu um protocolo secreto que relegava a Finlândia à esfera de interesses soviética. Diante da recusa da Finlândia em permitir que a União Soviética estabelecesse bases militares no seu território, esta última revogou o pacto de não agressão de 1932 e atacou a Finlândia, em 30 de novembro de 1939. A “Guerra de Inverno” terminou com um tratado de paz assinado em Moscou, em 13 de março de 1940, que estabeleceu a anexação do sudoeste da Finlândia pela União Soviética.

Quando a Alemanha invadiu a União Soviética, no verão de 1941, a Finlândia ingressou na Guerra como combatente conjunta contra a Alemanha. A “Guerra da Continuação” terminou com o armistício, em setembro de 1944. Além das áreas geográficas já perdidas para a Rússia, a Finlândia também cedeu a região de Petsamo, uma faixa de terras sobre o Oceano Ártico. Os termos do armistício foram confirmados pelo Tratado de Paz de Paris, de 1947.

O Marechal Mannerheim foi eleito presidente da república quase no fim da Guerra. Em 1946 ele foi sucedido por J. K. Paasikivi (1870–1956) que estava empenhado em melhorar as relações do país com a União Soviética.

Os Jogos Olímpicos foram realizados em Helsinque em 1952, e em 1955 a Finlândia passou a ser um Estado-membro das Nações Unidas e do Conselho Nórdico. Entre as principais conquistas da cooperação nórdica, merece destaque o estabelecimento de um mercado de trabalho conjunto em 1954 e a unificação de passaportes, em 1957.

Urho Kekkonen, que foi eleito presidente em 1956, trabalhou em prol de uma relevância maior da política externa do país, perseguindo ativamente uma política de neutralidade. Isto ficou evidente, por exemplo, nas iniciativas adotadas pela Finlândia, tais como a Conferência sobre Segurança e Cooperação na Europa realizada em Helsinque no verão de 1975.

Kekkonen liderou a Finlândia durante um quarto de século, antes de renunciar por motivos de saúde. Mauno Koivisto foi eleito presidente em 1982.

História recente

A primavera de 1987 marcou uma grande mudança de rumo no governo, quando o partido nacional conservador de coalização e os sociais democratas formaram um governo majoritário, que permaneceu no poder até 1991. Após a eleição de 1991, os Sociais Democratas foram relegados à oposição, e um novo governo foi formado pelos Conservadores e pelo Partido Centrista, o antigo Partido Agrário.

As convulsões sociais e políticas do final da década de 80 e do início da década de 90, incluindo a dissolução da União Soviética, também se refletiram na Finlândia, promovendo um ambiente intelectual mais liberal e uma amplitude maior da política externa. A Finlândia reconheceu a condição da Rússia de sucessora da União Soviética e um tratado de boas relações entre os países vizinhos foi concluído em janeiro de 1992.

A necessidade e a oportunidade de tornar-se um Estado-membro da Comunidade Europeia (CE) aumentou bastante quando a Suécia submeteu o seu pedido de adesão e a União Soviética foi dissolvida em 1991. A Finlândia submeteu o seu próprio pedido à CE em março de 1992, e o Parlamento da CE (que já passara a ser a União Europeia), aprovou o pedido em maio de 1994. No referendo realizado na Finlândia em outubro de 1994, 57% dos eleitores foram favoráveis à adesão, e em novembro de 1994, por um voto de 152 a 45, ela foi aprovada pelo Parlamento finlandês. Assim, a Finlândia tornou-se um Estado-membro da União Europeia a partir do início de 1995.

Nas eleições parlamentares de 1995, o Partido Centrista finlandês sofreu uma derrota arrasadora e Paavo Lipponen, o novo presidente do Partido Social Democrata, formou um governo singular, ao menos segundo os padrões finlandeses. Além da sua espinha dorsal, composta dos Sociais Democratas e da Coalização Nacional, o governo incluiu os Verdes, a Aliança de Esquerda e o Partido Popular Sueco.

Na primavera de 2003, as eleições parlamentares também modificaram a composição política do governo. O Partido Nacional de Coalização foi excluído do governo da líder do Partido Centrista, Anneli Jäätteenmäki, que compreendia o Partido Centrista, o Partido Social Democrata e o Partido Popular Sueco. A própria Jäätteenmäki foi logo obrigada a renunciar ao cargo por pressão política, e em junho de 2003, Matti Vanhanen tornou-se primeiro ministro.

Em 2006, em uma eleição presidencial inesperadamente concorrida, a então titular, Presidente Tarja Halonen, que representava a esquerda, derrotou o seu opositor, Sauli Niinistö, do partido nacional conservador de coalização, com menos de quatro pontos porcentuais de vantagem.

Nas eleições de 2007, houve uma clara guinada para a direita no Parlamento, quando o Partido Nacional de Coalização obteve uma grande vitória e o Partido Social Democrata sofreu uma forte derrota. O Primeiro Ministro, Matti Vanhanen, do Partido Centrista, permaneceu no cargo, formando um governo de coalização conservador centrista, cujo mandato começou em abril de 2007. Dos 20 ministros, oito representavam o Partido Centrista e oito o Partido Nacional de Coalização. Pastas ministeriais também foram ocupadas pelo Partido Verde e pelo Partido Popular Sueco.

Nos últimos anos, a política de segurança da Finlândia vem sendo objeto de debates acirrados. A ampliação da União Europeia e da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em 2004, apimentou o assunto ainda mais, quando os vizinhos ao sul da Finlândia, a Estônia, a Letônia e a Lituânia, foram aceitos como países membros de ambas as organizações. Em junho de 2008, o Parlamento da Finlândia aprovou as mudanças na constituição da União Europeia, conforme previstas no Tratado de Lisboa.

Nos últimos anos, a política de segurança da Finlândia vem sendo objeto de debates acirrados. A ampliação da União Europeia e da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em 2004, apimentou o assunto ainda mais, quando os vizinhos ao sul da Finlândia, a Estônia, a Letônia e a Lituânia, foram aceitos como países membros de ambas as organizações. Em junho de 2008, o Parlamento da Finlândia aprovou as mudanças na constituição da União Europeia, conforme previstas no Tratado de Lisboa.

Presidentes da Finlândia

Kaarlo Juho Ståhlberg (1865–1952) 1919–1925
Lauri Kristian Relander (1883–1942) 1925–1931
Pehr Evind Svinhufvud (1861–1944) 1931–1937
Kyösti Kallio (1873–1940) 1937–1940
Risto Ryti (1889–1956) 1940–1944
Gustaf Mannerheim (1867–1951) 1944–1946
Juho Kusti Paasikivi (1870–1956) 1946–1956
Urho Kekkonen (1900–1986) 1956–1981
Mauno Koivisto (1923–2017) 1982–1994
Martti Ahtisaari (1937–2023) 1994–2000
Tarja Halonen (1943-) 2000-2012
Sauli Niinistö (1948-) 2012–

Por Dr. Seppo Zetterberg, Professor de História, Universidade de Jyväskylä Novembro de 2001. Atualizado em maio de 2017.