Finlândia: Eleições parlamentares 2015

Após as eleições, tudo pode acontecer

Eleições parlamentares finlandesas 2015 – Centro e “Verdes” de volta ao jogo e muita especulação sobre a nova coalizão.

Nas eleições parlamentares finlandesas de 2015, o Partido de Centro e os “Verdes” foram os únicos a aumentar o número de membros que farão parte do novo parlamento. Ainda há espaço para especulações sobre a composição do próximo governo.

Após a contagem de votos, o resultado principal foi exatamente o previsto: o partido conservador de centro, que em 2011 sofreu uma grande perda sendo relegado a oposição, recuperou sua popularidade, aumentado de 35 para 49 suas cadeiras no parlamento finlandês , que conta com 200 membros. Uma queda tímida de apenas dois pontos do seu total em 2011.

Enquanto isso, o partido populista “Finns” (apelido dado aos Perussuomalainen, que em tradução exata para o português significa “Verdadeiros Finlandeses”) não mostrou aumento em sua popularidade. Eles obtiveram 38 assentos, um a menos que na eleição anterior. No entando, garantiram o segundo-lugar à frente do partido conservador –moderado da Coalizão Nacional, que perdeu sete cadeiras, ficando com 37. Os Social-Democratas ainda estão no jogo com 34 deputados, mas isso representa uma queda de oito lugares com uma tendência de queda ainda maior. Os “Verdes” recuperaram os cinco lugares que haviam perdido em 2011, alcançando um total de 15 cadeiras, tornando-se o único partido além do Centro a aumentar sua representação.

A Aliança de Esquerda veio fraca e perdeu dois assentos, mantendo 12. Os Democrata-Cristãos também mostraram-se enfraquecidos, caindo de 7 para 6. O Partido do Povo Sueco, apoiado em sua maioria pelos finlandeses falantes do idioma (segunda língua oficial da Finlândia, falada por 5,4% da população), mantiveram-se estáveis com 9 lugares.

Resolvendo o quebra-cabeças do governo 

Nasima Razmyar celebra com seus colegas do partido Social-Democrata ao saber que foi eleita para o parlamento.

Nasima Razmyar celebra com seus colegas do partido Social-Democrata ao saber que foi eleita para o parlamento.Foto: Antti Aimo-Koivisto/Lehtikuva

Há quatro anos, os “Finns” recusaram-se a participar da coalizão devido a promessa de campanha de não apoiar o plano de resgate econômico para a Grécia. Na corrida para a eleição deste ano, eles tiveram o cuidado de não prometer tais condições, inclusive insinuando abertamente que estavam abertos a possibilidade de fazer parte do próximo governo.

Ao analisarmos a situação atual, fica claro que muita coisa ainda pode acontecer. Os especialistas podem divertir-se com especulações pelo menos até o início de maio, apesar de parecer óbvio que o novo Primeiro-Ministro será Juha Sipilä, do partido de Centro. É bastante provável que o Centro forme um governo de coalizão com os “Finns” e os Social-Democratas ou com a Coalizão Nacional. Qualquer uma das combinações os dará um total acima de 120, que é o montante necessário para uma coalizão efetiva.

Tudo isso torna improvável uma repetição do que se viu em 2011, quando demorou cerca de dois meses – algo inédito na Finlândia – para se montar um governo “colcha de retalhos”, composto por seis partidos diferentes, liderado pela Coalizão Nacional, incluindo os Social-Democratas.

A grande subtrama na história das eleições é se o Partido do Povo Sueco, que vem sendo membro da coalizão de governo nos últimos 36 anos, vai continuar a fazer parte dela. Nenhum dos outros partidos tampouco será descartado.

Apesar de tudo, o progresso continua

Emma Kari abraça Ozan Yanar (ambos “verdes”) assim que os resultados mostram que os dois farão parte do parlamento. Os “Verdes” e o Centro foram os únicos partidos a aumentar o número de representantes nessas eleições.

Emma Kari abraça Ozan Yanar (ambos “verdes”) assim que os resultados mostram que os dois farão parte do parlamento. Os “Verdes” e o Centro foram os únicos partidos a aumentar o número de representantes nessas eleições.Foto: Roni Rekomaa/Lehtikuva/STR

Para os que buscam analisar, pode haver uma tendência mais reveladora aqui – a de que isto seja talvez mais significativo para jovens eleitores do que a postura de vários pesos pesados de partidos, que tentam formar a coalizão.

Lentamente o rosto da política finlandesa e o da própria Finlândia estão mudando. Para enxergar esta mudança, no entanto, você precisa olhar para além do Centro e dos “Finns”. Depois de ganhar o seu primeiro membro negro em 2011 (o ator Jani Toivola, que foi reeleito pelos “Verdes”), o parlamento da Finlândia tem agora dois lugares ocupados por imigrantes: Nasima Razmyar (Social-Democratas), que nasceu no Afeganistão e se mudou para a Finlândia aos oito anos de idade, e Ozan Yanar (“Verdes”), que nasceu na Turquia e se mudou para a Finlândia aos 14 (os precursores foram um finlandês-estoniano, nascido em meados da década de 1940, e um sueco de nascença, que acabou de terminar um mandato representando as ilhas Åland semi-autônomas).

É importante notar também que nestas eleições, no distrito de Helsinque, a Coalizão Nacional ficou em primeiro lugar e os Verdes em segundo, seguidos pelos Social-Democratas, pelo “Finns”e o resto. A capital finlandesa foi também a que teve o índice mais alto de comparecimento às urnas de todos os 13 distritos, com 74,9% de votos elegíveis.

Nacionalmente o comparecimento às urnas atingiu 70,1 %, mas ainda assim respeitáveis 0,4 pontos percentuais a menos do que em 2011. A média de idade dos representantes parlamentares caiu ligeiramente para 47,3. Agora há 34 deputados com idade inferior a 35 anos de idade. O mais novo tem 24 anos, enquanto o mais velho tem 74. Embora haja três mulheres a menos no parlamento, muitas mulheres jovens ganharam assentos, incluindo Razmyar, Li Andersson (Aliança de Esquerda) e Susanna Koski (Partido da Coalizão Nacional).

Por Peter Marten, abril 2015